domingo, 17 de outubro de 2010

Maravilhosa Glória!



É mais um dia que passa, que se perde, que finda no horizonte de lembranças...

Ufanista! Braseiro de tênues orquídeas de pensamentos que serpenteiam e me ardem à alma!

Cansei destas linhas de sempre e do estorvo de ontem; minhas caricatas faces internas buscam àquela glória hoje tão esquecida, surrupiando minha alegria e traduzindo-a em miséria e mistério. É esse processo lento que se descortina à penumbra e aos poucos; sob a voz que me pertence, mas parece nem ser mais minha.

As teclas delineiam meu corpo à proporção que são tocadas em frenesi pacato e estático, e se metamorfoseiam em toscas cores de trevas enquanto cavam mais profundo. Aqui jazem meus sonhos febris de inverno. Aqui se despedaçam minhas máscaras.

Meus olhos correm presos em círculo vítreo para os montes à frente.

Esperança. Fé. Ocaso.

Melancolia beija meus lábios docemente e seu odor suave se dissolve doce em minha boca gélida. Faz frio. É noite.

Meu coração então se lança penhasco abaixo: há dor nele, e fogo.

Nesse ponto, as lágrimas profundas me abraçam com força.

Meu rosto se levanta do chão, do peso, do medo.

Então eis que ela surge; derradeira e essencial. E me ilumina com vigor sólido; faz-me seu, e torna-me seu subalterno por amor.

Aquela luz...

As teclas logo emudecem e o céu muda de cor. Não há mais pranto; só virtude, só vida.

E seu sorriso abre-se eufórico. ´

Ela é Luz. A Luz da Glória. A Luz do Noivo. A Luz do Senhor.