segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O Sorriso da Vida



E havia só o mar, solitário em suas ondas, ilustremente perdido no horizonte apático, e ruidosamente vaidoso. E as nuvens não mostravam os dentes nem nada.
E era só brisa. E era só vento. E era marasmo.
Às vezes as folhas murcham, e o sol se esconde. Às vezes as sombras brilham e os cheiros somem. E às vezes os ventos trazem palavras que corroem a esperança.

Não sobra nada. Nem brilho nos olhos, nem euforia nenhuma; nem nada.
Os dias se arrastam, e as sombras prevalecem.
Flagelos acometem a alma e a tormenta desanda no céu.
E quando tudo parece perdido e já não há mais sonhos bons; a Vida nos sorri.

O mar brilha sob os raios dourados do sol, as folhas ficam verdes, o horizonte alaranjado, e as nuvens alegres e festivas. O ar assume um cheiro de paz, um cheiro de liberdade, um cheiro de esperança.
Tudo por um lembrete. Um recado providencial. Uma recordação de que nem tudo se perdeu; recordação de que podemos vencer, e de que ainda há um propósito pelo qual viver!
Lembramos-nos do Deus que abençoa, do Deus que salva, do Deus que perdoa!
Lembramos que fomos feitos pra vencer, e sentimos a emoção de sermos campeões, porque quando a Vida sorri, tudo vale a pena. Um fogo inunda nosso peito, e felicidade infla nossos pulmões!
Levantamos o rosto, e o sol dourado nos ilumina o semblante vitorioso!
Há mistério nesse sorriso, só descoberto por quem é digno de recebê-lo. E há força nesse sorriso, há fé nele!
Um lembrete de que coisas boas acontecem, e de que podemos vencer; um lembrete de que vale a pena viver, de que vale a pena sonhar! Um lembrete que é tempo de desatar as amarras, de povoar os pensamentos, de sacudir a poeira e folgar a gravata! Um lembrete de que a vitória pode sim ser nossa, e de que coisas boas acontecem!
Um lembrete do amor de Deus! Um lembrete de que o mar é livre, de que o sol brilha, de que flores nascem!
Obrigado meu Deus por tamanha graça!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

- Uma fagulha de Esperança -



Meus sentimentos se misturaram e se transformaram em algo melancólico e hostil; aquela tristeza sorrateira que caminha ao lado da tragédia, tristeza esta capaz de surrupiar toda a alegria e toda a empolgação da vida.
Talvez a raiva que sinto agora devido a minha inércia, seja apenas o resultado deste sentimento que me manipula nas trevas; eu não sei ao certo. Mas talvez haja algum fundo de verdade nisso tudo.
É como se uma nuvem negra pousasse sobre mim, alardeando uma tempestade macabra. Sinto-me arrastado por pedras pontiagudas numa autocomplacência tão miserável e destrutiva que nada pode sobreviver, como se em meu peito só coubesse dor, desgraça e desespero.
Sem esperança. Sem nada. Sozinho.
Então me lembro subitamente de uma passagem bíblica. 
Deus está falando.
Sinto-me tão inseguro que desconfio de tudo.
Um homem doente. 38 anos padecendo.
Sou tocado pela sua dor. Identifico-me com o sujeito. De repente sou ele.
Você conhece a história:
"Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres.
Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados, esperando o movimento da água.Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo.E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são?"João 5:2-6 
Talvez ele fosse o pior dos enfermos, ou o que mais sentia dor. Eu não sei; o que eu sei é que ele não desistiu, no entanto, seu coração estava doente. 
"A esperança adiada desfalece o coração, mas o desejo atendido é árvore de vida."
Provérbios 13:12 
Ele esperou muito. E seus desejos foram frustrados dia após dia. Ele não conseguia nunca chegar a tempo, não havia jeito. 
"Queres ficar são?"
Ele responde. Não com uma resposta clara, mas numa espécie de queixa de partir o coração, talvez na esperança de que fosse aquele que o levaria até o tanque.
"O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim."
João 5:7
Meu coração está doente. Doente da esperança adiada, esperança de vitória, esperança de cura, esperança de redenção. 
Faz muito tempo que... 
Estou sozinho. Sem amigos, sem ninguém.
Mas só me resta "não-desistir"! Só me resta acreditar, e esperar. 
Mas dói tanto, dói tanto, mas tanto!
É horrível ficar sozinho, é horrível não ter ninguém com quem contar!
É horrível sofrer sem ninguém pra se importar; como se fôssemos lixo. 
Então o sol nasce naquela noite tenebrosa e Ele surge!
Seus olhos são ternos e misericordiosos.
E Ele pergunta se quero ser curado.
ELE PERGUNTA!
Quando me dei conta da realidade em que me encontrava o Desespero me possuiu, mas agora... Ah! Agora Ele veio!
Como assim se eu quero ser curado? Mas é claro que eu quero! Ele não sabe que eu espero por isso há... 
Há tanta dor em mim!
Mágoas e mágoas escorrem do meu coração. Minha alma está tão abatida!
Estou seco. Porque estou aqui?
"Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim." 
Esta é a realidade. 
Então sua voz ecoa com autoridade e compaixão. 
"Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda.
Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado."
João 5:8-9


Porque Ele fez isso? Porque eu?!
Esperança. 
Ele veio por mim. Por mim, veja só! 
Alguém se importa. Alguém veio. 
Deus vê.
E viu o inválido que por 38 anos esperou.

Estou no meu quarto agora.
Sozinho. Sem nada.
Então uma semente é plantada em meu peito hoje:
ESPERANÇA!
Olho para frente e me levanto. 
Tomo o meu leito e ando.
Ainda não estou curado, mas tenho esperanças. Um monte delas.