quarta-feira, 15 de junho de 2011

Com os cabelos crescendo...

Confesso que não sei muito bem por onde começar...

Talvez esta hesitação apenas corrobore para o tema que vou retratar. Não sei. Julgue depois de ler.

O fato é que este texto fala de recomeço; fala de voltar pra algum lugar; fala de novidade.

É sobre um detalhe que Deus me lembrou certa manhã.

Então segure minha mão agora.

Iremos até o livro de Juízes 13 onde um anjo anuncia um nascimento.

Estranho.

Estranho e extremamente importante!

Quantos homens tiveram o nascimento anunciado?

R = Poucos, na verdade.

Todos com missões especiais. Todos portadores de um plano divino.

Mas é de Sansão que se trata o texto.

O Anjo do SENHOR apareceu a sua mãe que era estéril e lhe disse que ela teria um filho; e esse filho seria nazireu do SENHOR e começaria a livrar o povo do domínio dos filisteus.

Nazireu; do hebraico nazir, significa separado ou consagrado (a Deus). O nazireu era uma pessoa que se consagrava ao serviço de Deus, distinguindo-se dos demais por não cortar o cabelo, não beber vinho nem outras bebidas alcoólicas, dentre outras coisas.

O relato prossegue e nos apresenta um Sansão pouco importado com a libertação de Israel; ao contrário, nos mostra um Sansão temperamental que brincava com o pecado e estava menos preocupado ainda com a sua consagração de Nazireu.

Era um Sansão que saía e se prostituía com várias mulheres, mas apesar disso, Deus estava com ele. E o Espírito Santo o possuía e ele adquiria uma força descomunal quando corria perigo e precisava lutar.

Você lembra-se da história.

Ele conhece Dalila, ela o seduz, corta seus cabelos e ele perde a força.

Mas a FORÇA de Sansão não estava nos cabelos.

Era o Espírito. Sempre foi.

Mas ele havia quebrado todos os votos de Nazireu, toda a consagração. Ele tinha vendido sua santidade.

O Espírito se afastou dele. Foi até onde dava; segurou Sansão pelo último fio.

Mas não podia mais.

Sansão tinha tomado sua decisão.

Os inimigos o prenderam, o cegaram, cortaram seus cabelos longos com suas sete tranças, riram dele. O grande Sansão cujo nome deriva da palavra shemesh e significa sol; deixara de brilhar.

Estava sozinho no território errado.

No entanto não era o fim.

Juízes 16:22 diz:

“E o cabelo da sua cabeça, logo após ser rapado, começou a crescer de novo.”

Recomeço.

Como é agradável essa palavra!

E um dia, enquanto os filisteus farreavam num templo; chamaram Sansão para rirem da cara dele. Foi aí que ele orou uma última vez; uma oração, diga-se, triste e melancólica, mas mesmo assim uma oração poderosa.

Ele pediu uma outra chance.

Havia-se passado muito tempo. Mas finalmente o impulsivo e inconstante Sansão estava pronto.

Uma última vez Senhor!, ele pediu.

Então a Força voltou. Um voto estava sendo cumprido. O sol estava brilhando de novo. Cabelos estavam crescendo.

Juízes 16:30 conta como foi:

“E disse: Morra eu com os filisteus. E inclinou-se com força, e a casa caiu sobre os príncipes e sobre todo o povo que nela estava; e foram mais os que matou na sua morte do que os que matara na sua vida.” (grifo meu)

Ele fez muito mais naquele momento do que em toda a sua vida.

Depois de todo um processo, depois do tempo difícil em que os cabelos cresceram, ele fez mais; ele foi melhor, ele cumpriu o Plano.

Sansão somos nós.

E é tempo de entender que os cabelos demoram para crescer. Não é algo instantâneo; antes é um processo gradativo, vagaroso.

Se fomos aprisionados e pegos pelo inimigo; voltar a ser quem éramos, não é a resposta.

Você quer ser quem você era?

Eu não!

Porque eu vou ser melhor! Mais maduro, com mais fé, e mais coragem!

Nós seremos melhores!

E só precisamos estar firmes; enquanto os cabelos crescem...

O Prosaísmo em prol do Divino



Deus usa as coisas simples.

Deus usa o Comum; não tem jeito!

Não importa se nos enchemos de livros, cartas, ideologias, paradigmas, romances.

Não importa nosso grau de intelectualidade, nem nosso nobre nascimento, tampouco nossa facilidade em compreender coisas ditas “complexas”.

Deus usa o Comum.

É por isso que uma folha murcha que despenca gloriosamente de uma árvore numa trajetória sublime reverbera com um impacto maior e mais intenso do que muitas coisas extravagantemente “mais dignas de respeito, admiração e nota”.

É por isso que ao vermos um desenho caricato, distorcido e borrado de uma criança de três anos, nosso coração é mais facilmente atingido por aquela força admirável e impetuosa do que quando vemos um quadro famoso pela primeira vez.

É por isso que o simples abraço nos arranca lágrimas.

Tudo pela Graça de Deus.

Maravilhosa Graça.

Que atinge a tudo e a todos sem que ninguém escape.

A Graça [parafraseando um escritor famoso] nos cabelos de uma mulher, nas músicas, no pôr-do-sol...

E como é incrível descobrir que o Deus complexo, infinito, onipotente, onisciente e Todo-Poderoso, ama usar o prosaísmo para falar aos Seus filhos.

O Porquê?

Eu não sei.

A única coisa que sei é que isso quebra minhas razões e meus argumentos.

E talvez esta seja a explicação porque tantas pessoas desprezam lições extremamente úteis: elas se sentem superiores; e se curvar diante do Comum é algo inadmissível para elas.

Acho que todos nós temos esse “lado orgulhoso”.

E não vou terminar este texto dizendo pra você passar a ver as coisas simples da vida e coisas assim...

Não! Só queria chamar a nossa atenção para o fato de que Deus pode usar o prosaico, o brega, o ridículo e o absurdo para nos mandar alguma mensagem. Que sejamos humildes o suficiente para ouvir!

sábado, 4 de junho de 2011

Filho Pródigo

Uma música se escuta ao longe. O vento a traz como um cavalheiro carrega uma dama; e na desesperança e no medo, a canção recorta o ar e atravessa a carne, direto no coração, direto no peito que imediatamente começa a abrasar-se! Então o rapaz cai em si; é uma música do Reino do Amor, do Reino do Papai. Então nada mais importa; Só o Amor do Eterno! E a canção continua a tocar estremecendo as Sombras; ela diz:

Levante-se agora!

Sim! Levante-se e vamos lá!

Vamos voltar!

Vamos surrupiar as Trevas e cavalgar os Sonhos

Vamos apunhalar a Morte e morder as nuvens

Precisamos!

Precisamos navegar em águas mais profundas

Precisamos passar pelos Portões Reais outra vez

Levante-se e busque lenha

Sempre avante, Sempre à frente

Então cantaremos versos perenes e palavras de amor

E ganharemos sandálias, e anéis de ouro

Para perto da Vida e longe da Dor

Além das brumas, e da Desolação

Para sempre perto do Pai. Por toda a eternidade.