sábado, 11 de dezembro de 2010

Gota D'água



Sinto-me ligeiramente cambaleante, isto é, ligeiramente cambaleante em minh’alma que anda trôpega, sendo impetuosamente atingida pelas atuais circunstâncias.

Sinto-me como se estivesse na beirada sufocante de um abismo sombrio, como se este me espreitasse, chamando-me intrepidamente, secamente, e mantendo-se lacônico e sóbrio.

Sinto-me prestes a mergulhar em trevas de dor e lágrimas, prestes a me perder em devaneios sem fim, prestes a ser tragado pela euforia de morte e lamento.

Sinto-me picado pelo perigo, transbordando em vaticínios de dúvidas e perdas.

Meus olhos baços impedem-me de ver a luz.

E minhas mãos apenas se chocam com o frio vazio das brumas.

Prestes a cair, prestes a morrer, prestes a expirar o último suspiro, a última letra, o último som.

Prestes a dar-me por vencido.

Será que Ele virá?

Será que...?

Mas causei-lhe tanto mal, e pisei em seu coração amoroso... então porque voltaria? Porque Ele se daria o trabalho?

É justa a sentença de morte. Eu a aceito com amargura e vergonha.

Talvez nunca tenha amado de verdade. Talvez tudo isso seja passageiro.

Ainda O espero.

Uma ínfima parte ainda está de pé por Sua causa. E assim tenho esperanças.