quarta-feira, 23 de outubro de 2013

A Muralha em nós


Penso que existe uma muralha em cada um de nós. 
Uma muralha que nos impede de viver de forma plena, verdadeira e pura. 
Uma muralha de medos, temores, e tijolos de desespero. 
Só isso.
 Apenas uma grande muralha que nos impede de ver a luz do Sol da Liberdade, que nos impede de cavalgar a Esperança, que nos impede de vislumbrar o Mar. Uma muralha apenas. Um lugar comum pra todas as nossas angústias, pra todos os temores, pra todas as nossas presunções, pra todas as nossas derrotas. 
O fato é simples: todos nós abrigamos essa muralha dentro de nós, uma muralha por pouco intransponível, e por muito arrogante e altiva. Essa muralha é aquela mesma angústia de fim de tarde que nos visita todos os dias, a melancolia que surrupia os nossos sorrisos sempre que a felicidade nos afaga, o tormento que amaldiçoa as nossas almas. Poder-se-ia dizer que esta Muralha se trata da ausência da Vida, da ausência da Verdade, da ausência da Pureza, da ausência do Poder em nós, da Plenitude Suprema, ausência da Coragem. 
E é num fim de manhã que estas coisas me sobrevêm...
  Jamais posso ser reducionista ou simplista ao ponto de dizer que o que deve ser feito é simplesmente viver intensamente não importa o quê, e fazer coisas diferentes fora da nossa zona de conforto, só porque é isso que parece certo... Não, a resposta não se trata disso... No que diz respeito a esta quase insondável Muralha, as coisas não podem ser diluídas desta forma tão pueril. 
Na verdade, a Vitória completa e única depende da nossa entrega à Deus, muito embora isso não possa ser interpretado como uma resolução fria, parcial e minimalista; foi o Pecado Original que nos transformou no que somos hoje: seres trancafiados dentro de si mesmos, alheios ao Mundo Sublime da Perfeição Excelsa que paira sobre nossas cabeças, e amantes vorazes das trevas. E esta é a razão do porque uma extensa e orgulhosa Muralha nos aprisiona, nos aliena e nos isola. Ela sempre estará lá, não importa o que falamos, como agimos ou o que usamos para preencher o Vazio... A Muralha sempre nos perseguirá, gritando no silêncio, drenando felicidade, destruindo sonhos... Uma Muralha que é fruto do pecado hostil que nos ciranda, fruto da nossa natureza pecaminosa. É aí que tudo aponta para o grande Diretor deste mundo, o Detentor de todas as fontes. Quer se acredite ou não, é necessário um Poder Maior pra destruir a Muralha, um Poder Maior para detê-la, para não deixar pedra sobre pedra. A resposta não é submeter-se a papéis sociais incongruentes, esdrúxulos e não-ortodoxos; é render-se ao divino, é abraçar Deus, é viver pr'Aquele que deu a vida, que sofreu e ressuscitou, é fechar os olhos e sentir o calor da Luz!
 Quando o Tudo é assim posto como oferta diante do Senhor, não restam mais vertentes de maldade, ou criaturas que nos paralisem de forma permanente; quando isso acontece, nos é dado extravagantemente a Esperança que vem dos altos céus, como chuvas de pedras preciosas, como brasas recém saídas do fogo. É nesse ponto que o Senhor Jesus, cujo Nome detém todo o PODER, lança-nos sob a forma de flechas feitas de luz na direção da Muralha, que ao invés de serem despedaçadas, fazem a Muralha vir ao chão, não pela força ou envergadura, porque nós mesmos não podemos nada, mas devido a Luz que nos foi imputada; e nós, como flechas santas, destruímos a barreira, só devido a claridade que emana de nós, porque é sabido desde os tempos primevos, que é a Luz Santa de Deus que corrói a Muralha, não nós; não mãos humanas, não estilos de vida alternativos, não músicas estranhas, rituais vazios ou medidas extremas. Só a Luz, só pela fé, só a paz de Deus! Só a Coragem que vem do Eterno, só o Amor do Altíssimo! A Muralha cai, de fato, mas só quando nos lançamos na infinitude da Ternura, completamente e sem medo; sendo herdeiros do Zelo, amantes da Verdade, e discípulos do Amor! É tudo muito simples, sem divagações ou meio-termos, apenas um fato único: a Vida Plena tal como eu acredito, só é vivida intensamente e completamente, nos braços do Pai, ao som forte e impetuoso de Sua voz soberana, e sob a sombra de Suas asas.

domingo, 12 de maio de 2013

Uma Centelha


Folhas secas de sonhos abortados
Poeira, vento e angústia
De abandono e miséria
De furtos de dúvida

Sou trôpego no caminhar pelas trilhas incertas das tristezas cruéis
Sobre moinhos vãos de desespero hostil
Com um rasgar de entranhas
E um canto de choro
E um brado mudo e vil

Qual vermes insolentes e monstruosos
Qual luto perene e implacável
Sois vós, ó avassaladora Tristeza
Tal qual uma espada inflamada de fúria bruta e infindável
Tal qual peso grotesco de rochas amargas

As Damas da Desgraça se prestam a zombar
Como um fogo negro de portentosas trevas
Como terras sorrateiras no meio do mar
Como sussurros inúteis de heróis covardes

Sobrou apenas uma coisa além dos suplícios
Uma faísca, um drama, uma sombra, uma lembrança
Uma luz surda, uma voz palpável
Uma centelha! De esperança... de esperança.

sábado, 2 de março de 2013

Saudade Mortal


Há muito de mistério e peculiar na palavra saudade.
Um simples vocábulo de sete letras; uma chave tão pequena e dourada, que abre tantas coisas!
Só sete letras... sete letras que encerram lágrimas, sorrisos, abraços e lembranças... Que abarcam estações, mundos, cores, danças e... muito.
Palavra estranha. Única. Verdadeira.
Eu... eu sinto saudades.
Não a sinto em dosagens parcas ou em efeitos lentos.
Sinto-a com fúria que me estremece a carne, e com ímpeto tal que emudece minhas emoções e rasga minh'alma.
Torno-me escravo portanto desta saudade, escravo deste sentimento que mastiga minhas entranhas e despedaça meu coração. Escravo desta assombrosa palavra que tal como um ser faminto, devora-me por dentro raivosamente.
Sou prisioneiro da Saudade das saudades! Daquela saudade mais sublime, da saudade que conclama todas as outras a se aproximarem. Aquela saudade que esmurra o peito em cada ocaso, que violenta o coração em todos os bons começos, que sussurra nas músicas de amor, que faz carícias com a brisa e que eleva o espírito na poesia e na literatura.
Sou prisioneiro da saudade daquilo que não vi, e não vivi; saudade de ser abraçado de forma transcendente; saudade não de um simples abraço, mas um abraço que corrija minhas imperfeições e me reconstrua. Sou prisioneiro da saudade do Amor, da saudade de Deus, a saudade do Noivo.
Saudade do meu melhor amigo, do meu Criador; saudade do Infinito, do Tudo, do Fim.
Sinto saudades porque só Nele eu sou completo, sinto saudades do Seu amor, saudades do meu Pai!
E infelizmente receio estar fazendo o Comum, ou mesmo o que se espera de mim, mas eu não fui chamado para cumprir obrigações; é necessário, portanto, correr ao Seu encontro. E embora repleto de medo, ferido, cheio de mágoas e defeitos, não posso ficar parado nem por um instante.
O êxtase da plenitude, as elevações do espírito, e o perfume doce da alma alegre, tão bem sentidos em todas as boas coisas do Universo que os homens experimentam, apontam para a Causa das Causas, o Infinito pai de todas as coisas finitas, o Começo, o Altíssimo, Senhor dos Tempos, Senhor de Tudo; diante Do Qual tudo desvanece, diante Do Qual toda a existência sucumbe.
Há muito mais do que simplesmente trabalhar, ter filhos, envelhecer e ser arrastado pela vida...
Sinto saudades, portanto, e é essa saudade que derrama sem cerimônia brasas no meu interior e quebranta o âmago do meu ser; e é esta saudade mortal que me mata a cada dia para que eu esteja perto Dele, porque longe Dele nada faz sentido e as cores se misturam e perdem o brilho. E é prostrado aos seus pés que minhas ambições tornam-se vãs, e minhas fantasias são destronadas.
Estou cercado por esta saudade mortal cuja lança afiada jaz cravada em meu peito, fazendo escorrer o sangue vão da minha existência egocêntrica. E é ela, a mesma saudade, que sorri e pisca um dos olhos, dizendo-me em palavras mudas, que esta é a hora, e que há esperança, que Ele me ama e me aceita de volta!
Mata-me então Saudade! Mate-me para que eu possa respirar outra vez!
Saudade... Uma chave tão pequena e dourada, que abre tantas coisas!
Palavra estranha. Única. Verdadeira.
Sete letras...
Só sete...


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O Sorriso da Vida



E havia só o mar, solitário em suas ondas, ilustremente perdido no horizonte apático, e ruidosamente vaidoso. E as nuvens não mostravam os dentes nem nada.
E era só brisa. E era só vento. E era marasmo.
Às vezes as folhas murcham, e o sol se esconde. Às vezes as sombras brilham e os cheiros somem. E às vezes os ventos trazem palavras que corroem a esperança.

Não sobra nada. Nem brilho nos olhos, nem euforia nenhuma; nem nada.
Os dias se arrastam, e as sombras prevalecem.
Flagelos acometem a alma e a tormenta desanda no céu.
E quando tudo parece perdido e já não há mais sonhos bons; a Vida nos sorri.

O mar brilha sob os raios dourados do sol, as folhas ficam verdes, o horizonte alaranjado, e as nuvens alegres e festivas. O ar assume um cheiro de paz, um cheiro de liberdade, um cheiro de esperança.
Tudo por um lembrete. Um recado providencial. Uma recordação de que nem tudo se perdeu; recordação de que podemos vencer, e de que ainda há um propósito pelo qual viver!
Lembramos-nos do Deus que abençoa, do Deus que salva, do Deus que perdoa!
Lembramos que fomos feitos pra vencer, e sentimos a emoção de sermos campeões, porque quando a Vida sorri, tudo vale a pena. Um fogo inunda nosso peito, e felicidade infla nossos pulmões!
Levantamos o rosto, e o sol dourado nos ilumina o semblante vitorioso!
Há mistério nesse sorriso, só descoberto por quem é digno de recebê-lo. E há força nesse sorriso, há fé nele!
Um lembrete de que coisas boas acontecem, e de que podemos vencer; um lembrete de que vale a pena viver, de que vale a pena sonhar! Um lembrete que é tempo de desatar as amarras, de povoar os pensamentos, de sacudir a poeira e folgar a gravata! Um lembrete de que a vitória pode sim ser nossa, e de que coisas boas acontecem!
Um lembrete do amor de Deus! Um lembrete de que o mar é livre, de que o sol brilha, de que flores nascem!
Obrigado meu Deus por tamanha graça!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

- Uma fagulha de Esperança -



Meus sentimentos se misturaram e se transformaram em algo melancólico e hostil; aquela tristeza sorrateira que caminha ao lado da tragédia, tristeza esta capaz de surrupiar toda a alegria e toda a empolgação da vida.
Talvez a raiva que sinto agora devido a minha inércia, seja apenas o resultado deste sentimento que me manipula nas trevas; eu não sei ao certo. Mas talvez haja algum fundo de verdade nisso tudo.
É como se uma nuvem negra pousasse sobre mim, alardeando uma tempestade macabra. Sinto-me arrastado por pedras pontiagudas numa autocomplacência tão miserável e destrutiva que nada pode sobreviver, como se em meu peito só coubesse dor, desgraça e desespero.
Sem esperança. Sem nada. Sozinho.
Então me lembro subitamente de uma passagem bíblica. 
Deus está falando.
Sinto-me tão inseguro que desconfio de tudo.
Um homem doente. 38 anos padecendo.
Sou tocado pela sua dor. Identifico-me com o sujeito. De repente sou ele.
Você conhece a história:
"Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres.
Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados, esperando o movimento da água.Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.E estava ali um homem que, havia trinta e oito anos, se achava enfermo.E Jesus, vendo este deitado, e sabendo que estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são?"João 5:2-6 
Talvez ele fosse o pior dos enfermos, ou o que mais sentia dor. Eu não sei; o que eu sei é que ele não desistiu, no entanto, seu coração estava doente. 
"A esperança adiada desfalece o coração, mas o desejo atendido é árvore de vida."
Provérbios 13:12 
Ele esperou muito. E seus desejos foram frustrados dia após dia. Ele não conseguia nunca chegar a tempo, não havia jeito. 
"Queres ficar são?"
Ele responde. Não com uma resposta clara, mas numa espécie de queixa de partir o coração, talvez na esperança de que fosse aquele que o levaria até o tanque.
"O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim."
João 5:7
Meu coração está doente. Doente da esperança adiada, esperança de vitória, esperança de cura, esperança de redenção. 
Faz muito tempo que... 
Estou sozinho. Sem amigos, sem ninguém.
Mas só me resta "não-desistir"! Só me resta acreditar, e esperar. 
Mas dói tanto, dói tanto, mas tanto!
É horrível ficar sozinho, é horrível não ter ninguém com quem contar!
É horrível sofrer sem ninguém pra se importar; como se fôssemos lixo. 
Então o sol nasce naquela noite tenebrosa e Ele surge!
Seus olhos são ternos e misericordiosos.
E Ele pergunta se quero ser curado.
ELE PERGUNTA!
Quando me dei conta da realidade em que me encontrava o Desespero me possuiu, mas agora... Ah! Agora Ele veio!
Como assim se eu quero ser curado? Mas é claro que eu quero! Ele não sabe que eu espero por isso há... 
Há tanta dor em mim!
Mágoas e mágoas escorrem do meu coração. Minha alma está tão abatida!
Estou seco. Porque estou aqui?
"Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me ponha no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim." 
Esta é a realidade. 
Então sua voz ecoa com autoridade e compaixão. 
"Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda.
Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado."
João 5:8-9


Porque Ele fez isso? Porque eu?!
Esperança. 
Ele veio por mim. Por mim, veja só! 
Alguém se importa. Alguém veio. 
Deus vê.
E viu o inválido que por 38 anos esperou.

Estou no meu quarto agora.
Sozinho. Sem nada.
Então uma semente é plantada em meu peito hoje:
ESPERANÇA!
Olho para frente e me levanto. 
Tomo o meu leito e ando.
Ainda não estou curado, mas tenho esperanças. Um monte delas.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Amor de Raridade




O amor é um dos sentimentos mais democráticos, conhecidos, almejados e sublimes existentes. E embora muito seja dito ou afirmado sobre ele, o que me proponho a discorrer nestas linhas diz respeito a um tipo de amor, uma espécie esquecida e outorgada aos limiares da plataforma, um tipo de amor raríssimo, e que talvez seja ele mesmo a própria essência do sentimento em si.
É bom, então, esclarecermos alguns pontos sobre o conceito de amor, porque me angustia o fato de que muito que se diz ser amor, na verdade é outra coisa, muito embora esteja ligada ao sentimento (se é que me fiz entender).
E agora que mal escrevi estas parcas letras me ocorreu que preciso antes fazer uma declaração para você, caro leitor, porque não posso de jeito nenhum continuar, sem lhe pedir desculpas por me achar no direito (altamente deselegante) de expressar minha opinião sobre o tema, e não só isso como dar definições de coisas tão inefáveis e maravilhosas, que o certo mesmo era permanecer calado (digo isto sem ironias).
Devemos deixar claro que o amor precisa do Tempo: uma mãe que espera um filho, dois amigos, um homem depois de conhecer uma mulher. O amor não se trata de sexo, muito embora o sexo possa ser uma expressão de consumação desse amor; o amor, tampouco se trata de atração física, muito embora em algumas situações isso faça parte; o amor não é apenas sorrisos e abraços e beijos, antes é um Algo Transcendente que brota depois de um tempo entre duas pessoas distintas (ou não). E é muito mais que um simples apreço; o amor é esse Algo que não pede por nada, mas apenas entrega. 
Dois jovens podem se dizer apaixonados, e aqui eu não quero ser reducionista ao separar os sentimentos em paixão e amor. Na verdade, porque acho que quando um homem olha para uma mulher com algum interesse sério ele não sinta nenhuma dessas coisas, e o mesmo se dá com a mulher.
Homem: Concentra-se apenas na beleza física (pelo menos num primeiro momento). Podem analisar outros quesitos também como status financeiro e atração física.
Mulheres: Analisam-se diversos quesitos, entre eles - status social (grau de popularidade no seu microcosmo); status financeiro; beleza física e atração, e fator argumentativo. 
Analisando friamente: como se vê não há espaço para aquele amor dos filmes água com açúcar, pelo menos não aqui. 
Ou seja: muito do que se faz referência ao amor, na verdade é só atração física; mas o amor não pode depender dessa atração, ou de dinheiro ou de beleza ou de boas conversas; é por isso que ele é essa força transcendente, porque a essência do amor só surge quando não se tem nada para oferecer, e esse amor despido de interesses é a base para todo o sentimento.
Essa espécie altamente rara e fugidia do amor é mais comum que seja encontrada em casa, entre nossos familiares (em vários casos não); porque são nossos familiares que conhecem nossos defeitos, mas decidiram nos amar mesmo assim. É um amor que independe de bastante coisa. 
Voltando ao exemplo de homens e mulheres: o tempo que age sobre o conhecimento entre os dois, muito embora ligados por razões diversas, pode sim levar a esse amor transcendente, que como todo sentimento precisa ser nutrido e cuidado.
No fim das contas, o amor nada mais é que uma decisão, entretanto não posso afirmar que apenas decidir amar alguém vá de fato ocasionar alguma diferença; e essa é uma das coisas mais bonitas a respeito do amor, do verdadeiro amor: ele precisa ser retirado das entranhas do nosso coração e da nossa alma; em outras palavras, é imperativo que esse amor seja pessoal; não podemos amar como um dever, aí não seria amor, mas farsa.
Na verdade, quase todas as coisas que fazemos, fazemos com um interesse por trás; pode parecer exagero, mas é a verdade. Nossas ações são cuidadosamente planejadas para que possamos conseguir tudo o que queremos, e até nossas demonstrações mais nobres de afeto apontam para um interesse oculto e muitas vezes egoísta, partindo do princípio de que não há altruísmo em nossas ações.
Logo amar sem esperar nada em troca, é a ação que se espera do amor verdadeiro, e é esse tipo de sentimento que pode surgir depois de um tempo entre duas pessoas, e que age sobre os dois quando estes nada tem a oferecer um para o outro; é esse amor que apoia, que acredita, que espera e que fica firme, embora as coisas se balancem. 
O Amor Altruísta é extremamente raro, e até mesmo nas famílias, onde era mais facilmente encontrado, está desaparecendo. Precisamos, no entanto, buscar esse amor tão difícil, sendo mais verdadeiros, e menos egoístas, egocêntricos e mentirosos. 
É imprescindível dizer que o amor precisa ser nutrido, porque como todo bom sentimento ele está sujeito a instabilidade (daí o amor ser também uma decisão); ele também precisa ser estimulado e desenvolvido, porque você já deve estar ciente de que existem níveis de amor, níveis no que diz respeito à intensidade. 
Sobre a instabilidade: você continuaria amando uma pessoa do mesmo jeito depois de descobrir que ela tenha feito coisas altamente macabras, excetuando-se laços de sangue? 
Provavelmente não. Isto porque a decisão de amar também interfere no processo amar, muito embora a decisão por si só não faça diferença, é necessário uma atitude das profundezas da alma e do coração.
Como se vê, o nosso amor tão pouco profundo, é o reflexo de Algo Maior, do Amor Verdadeiro, do Amor de Deus.
E esse amor é totalmente altruísta, por nos amar da maneira que somos sem esperar nada em troca desse amor, um amor sublime, eloquente e selvagem e furioso, que ruge sobre nós como um tornado impetuoso. É o amor de Deus, o amor do Pai. 
O amor verdadeiro sem hipocrisia. 
Que possamos então refletir a respeito desse amor de forma que sejamos mais honestos, puros e menos hipócritas. 
Amemos.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Inspirando e sorrindo = )


Talvez os tormentos de minha alma aflita sejam explicados ou elucidados num momento posterior; talvez nunca o sejam para os outros, apenas para mim; e talvez, o sejam num ponto obscuro do futuro, onde isso não importe mais, e eles sejam por fim esquecidos na névoa do tempo.

O fato que tenho em minhas mãos gélidas e frias, é que preciso seguir em frente, seguir em direção aos Caminhos Incertos, trilhando meu destino, e finalmente construindo, de forma consciente e precisa, a minha história.

Não devo, portanto falar mais nada. Aprendi que diante de atos grandiosos, a melhor premissa e as melhores palavras são feitas de silêncio; um silêncio reflexivo que implica num último respirar antes do mergulho nas águas conturbadas. E sinto nos recônditos mais profundos do meu coração justamente o que preciso fazer: caminhar.

Na certa, eu não devia estar aqui lhe alimentando com essas letras tão pessoais; mas não posso abandonar você, simplesmente não posso. Você, que eu não sei quem é, mas que vai ler estas linhas e ser arrebatado; você, para quem eu revelo meus segredos e que os usará em benefício próprio para a alegria completa de meus dons e esforços.

Então, para você apenas (você que se encontra junto comigo no mesmo ponto):

- Chegou a hora! -

A hora da fé, da coragem, do empenho e da disciplina.

Chegou a hora da Vitória, a hora da Vida.

De sair da prisão que os homens nos impuseram, de cavalgar sobre o Medo, de surrupiar a dúvida e viver despreocupadamente, sem a pressão de ter que agradar as pessoas, e sem o temor de falhar.

Este é o Tempo!

Apenas para você e para mim.

De enxugar as lágrimas; de terminar a Ponte; e de beijar a Inspiração.

É tempo de lutar, de viver, de cantar.

Tempo de inspirar o ar saturado de fogo!

É difícil, eu sei.

E fugimos disso durante toda a nossa vida.

Mas chega de fugir, e de fingir; ainda que doa, que aperte, que machuque e que nos esmague; sabemos que é isso que devemos fazer.

É tempo, portanto, de viver para agradar a Deus. De escrever com a Pena da Verdade a nossa história. Prosaica e pobre para todos os outros, e maravilhosa aventura, para nós.

Vamos lá, então!

Vamos ser quem nascemos pra ser... sem esforço, sem medo, sem dor.

Apenas com coragem, e calma e serenidade acima de tudo.

Calmos e serenos, Sim!

Respirando fundo e com um sorriso nos lábios...